quarta-feira, 30 de março de 2011

O Homen

Ele acordara com medo, ele sempre tinha medo. Erguia lentamente a cabeça, olhava ao redor, aos poucos erguia o tronco, parecia serpentiar...depois dava um pulo, corria para as janelas, empurrava rápido as venezianas, deixava o dia entrar, clarear...clareando as perguntas, que vomitavam em sua mente...repetidas vezes!
Barulho da água da pia, escovava os dentes amarelos da nicotina , depois fazia uma concha com as duas mãos, e lavava seu rosto...um olho aberto e outro fechado...ele tinha medo, já estava acordado. Envelhecera assim.
Decidia ir direto para acender um cigarro, uma volta até o portão da casa, o mato não estava alto, dava tempo de esperar, entrava, bebia o café, mastigava o pão feito em casa, receita da qual nunca deixara de fazer, havia um prazer enorme em comer seu próprio pão, sentia liberdade em manusear a massa, sovar, esperar crescer...assar e depois comer. Enquanto isso, a velha máquina de escrever, já estava ali, o vinil, som de piano, o qual ele ás vezes, nem sequer ouvia, viajava muito enquanto escrevia.
Ele serpentiava , até na hora de escrever, movia seu corpo, enquanto os dedos batiam fortes na teclas, formando pensamentos, que o levavam a onde ele desejava...

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