sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Casa comigo

Sem pudor, sem temor, sem medo, a desconhecida afirmou.
Casa comigo!
Ele ri e diz o que?
 Você vai casar comigo, não vê.
Pego de surpresa, ou quase, no meio das loucuras onde alguns não se encaixam.
Ele limitou-se a sorrir...

Cara de feliz

Dezembro entrou de mansinho, nem ligou se eu tinha liberdade  em traçar planos.
Quem se importa!
Dezembro? Claro que não.
 Me enfia goela abaixo a cara feliz, o sim...e não aceita não.
Afinal ele está acabando, competiu com todas estações.
Dezembro quer mesmo botar o pinheiro enfeitar todinho, de quebra o pisca pisca.
Chama a familia?
 Não dá..
Chama a familia, tira fotografia e faz cara de feliz.
Hein, a mesa...
 Que?
 Soca lá o peru, agora Tim Tim.
A guerra e a dor corre feito fogo lá fora!
Estás pensando?
Não ouse, olha a energia negativa.
Assim, isso mesmo agora sorriam diz; XIS

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Corpos

Num gesto de audácia os "inquisidores" disfarçados  supostos senhores da perfeição da  vida
 De forma cruel abateram os meninos inocentes, que andavam sozinhos, coloridos e livres
Corpos caíram, lado a lado formando uma linha, o riso cessou nos jovens alegres
Os "anjos da morte" sujos do vermelho sangue, abateram e riram de forma imunda
Mães gritaram seu choro de dor, o grito ecoou e na multidão fez-se outras Marias/Mães
Erguerem sua voz! 
A vitrine de mortos estava ali, expostos como carnes penduradas no açougue, aqueles frágeis corpos
Permaneceram ali... até que as vozes ergueram-se na união pela paz!


Hoje

Caminhava pela  noite, agora alegre
Entre curiosa e assustada, nessa urbana cidade
Sob os  risos, bares abertos, luzes, faróis de carros e motocicletas
E, eu ali encantada.
 De volta a vida, observava as pessoas, misturada voltei a viver!


quinta-feira, 5 de março de 2015

O Vidraceiro

Estava ela ali novamente, colocando vidros nas janelas, de mais uma casa,
adorava olhar a vida, o movimento
enquanto enquadrava os vidros nas janelas, de mais uma casa.
Olhava e vibrava disfarçadamente.
Lembrava entre u movimento e outro, o trabalho de seu pai. E, pensava, como conseguia, o velho pai
Trabalhar emoldurando imagens, coisas mortas pensava ele, que prazer seu pai tinha em celar,
imagens sem movimento?
Ria, enquanto assistia, o que dentro da casa acontecia, o riso das crianças, a corrida dos cachorros atrás da bola, a televisão ligada num desenho engraçado.
A dona da casa, descuidada  vez que outra, enfiava a mão pelo decote
ajeitando o seio... ele baixava os olhos...às vezes... às vezes!
Comunidade pequena, tanto trabalho, sabia tudo de todos
E, todos nada sabiam dele.
Contava as horas, tempo, carregava seus relógios e contava... contava os minutos, segundos, para
que um novo vidro quebrasse,
Desejava que uma pedra  perdida estilhasse em partículas o vidro de qualquer casa.
Ele recuperaria, enquadraria o vidro tão perfeitamente, demoraria é claro.
Era seu deleite!
Em sua casa à noite, o material ficava espalhado pela sala, sala branco de gesso branco, misturava-se com o vermelho do seu sangue pelo chão, descuidado pisava com seus pés descalsos, nos cacos de vidros, que cortava, retalhava... era sua obra de arte.
Que composição!
O artista era ele... o vidraceiro, não prendia, somente dividia a vida das pessoas,
mantinha o movimento.
Tomava vida!
Levava tudo na sua retina, com o tempo do movimento nas suas costas assim adormecia...
Sentado na poltrona velha, fechava os olhos e  relembrava a vida por trás dos vidros
 das janelas... a vida dos outros!


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