quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

De um salto

 Na cama, a mulher observava, no canto de sua boca a umidade de gosto estranho, 
não tinha cheiro de sangue, mas podia ver... o vermelho, através do velho espelho manchado. 
Não fez um gesto, não gritou, não chorou, pegou a taça e entornou o resto do que sobrou.
Quem estava ali? 
Ah, isso já não importava, a grana esta sob o criado mudo, sujo imundo, cupinzado.
Levantou de um salto, passou o dedo na boca, molhado de saliva, apagou o sangue... a marca, o sangue...
 

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

O jornal

A noticia corria solta pela velha e antiga cidadezinha, terra de amizades profundas,
de amores escondidos, de pescarias, de mulheres confeiteiras, de crianças puras.
Terra de rio claro, de pedras lisas e perigosas, terra de fé.
Terra de risos, de mãos acolhedoras, de longevidade.
Terra de tempos bons e ruins...
O velho jornal era antigo, a manchete dizia claramente: Corram para igreja, os viajantes da cidade se aproximam, portam consigo  promessas.
 Mas, não se assustem os muros do lado de cá, são intransponíveis.
Em caso de dúvida venham rezar....
O jornal era antigo...  desses bem amarelados, o editor era um antigo morador,
de volta na cidade...o velho ria bem humorado!!!

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Manhã de Domingo... redescobrindo

O Sol do fim da manhã, quase tarde.
O abraço, as mãos dadas.
O andar displicente, distraído quase adolescente
O dia vai passar, a noite vai chegar
Sons, sabores, cheiros, imagens, toques
Tudo ainda muito presente...

De:
Eduardo/Nov2013

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Subliminar

Como pode  despertar o coração antigo em cumplicidade com a mente, um maldito e ardente interesse... causando  esse nó na gente.
Quase cega a razão, o embalo doce da química total.
Há de se fazer esforço...ah mas que esforço para reparar a fome.
Preciso vomitar, por para fora a vontade de te beijar!

Amor secreto

Amanheceu já era tempo, ora que droga uma madrugada acordada.
A moça já banhada, aparentava calma, precisava trabalhar, o relógio parecia lento demais.
 E, no apartamento  frente ao seu  nem sinal, nem cheiro de café moído, nem musica...nada.
Silêncio que deixava ansiosa, a garota formosa.
Oito horas, vou sair, abre ávida a porta, e percebe que o jornal, ainda reposava sobre o capacho do 513, bateu forte o salto, enquanto desbravava o imenso corredor.
Pensava, onde estava ele, ele o do 513, sempre abriam a porta no mesmo minuto, do olhar para o sorriso, um  calor gostoso na alma valia o dia, depois o elevador, tudo bem eles não falavam, mas nessa altura o silêncio, era mensagem de amor.
Onde ele estava? Passou o dia, com a imagem dele na retina.
 Voltara correndo, sem sapatos optou pela escada, o miserável elevador estava parado no último andar. Coloca os sapatos, e calmamente desliza o longo corredor, no capacho de seu apartamento uma flor, um sorriso brilhou naquele belo rosto aflito, recolheu a flor... e a beijou!

Vestindo Sonho

No lugar vazio, cheirando a mofo, despida de  tudo.
 Nua, frágil e linda, ela continua costurando o vestido branco... terrívelmente branco.
 Sentada diante a desumana máquina de costura, ela determinada, emenda e remenda como se pudesse alterar a rota...ele partira cedo levando consigo o segredo.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Rasgou

Rasgou a noite, a mão que mata.
 Rasgou a alma, que liberta.
Rasgou o bilhete de informação.
Rasgou rindo a madrugada, sem exigir nada.
 Rasgou o jornal.
Rasgou a roupa da depravada.
 Rasgou o riso na cara lavada!

Relógio

Corre anda, mas que lerdo são teus passos.
 Me aborreço e daqui a pouco eu não faço.
Deixo no teu nado, no rio turbulento quase parado, no traço cinza, que desenhou para ti.
Que descompasso, que tenho com isso.
Relógio parado, dois tempos.... dois traçados.

Lá... tinha um poço, desses artesiano.
 Guardava água potável... gelada.
Num piscar içada foi a corda, o balde subiu vazio.
Nem morta foi a sede, garganta na seca.
Engoli assim, o que suponha que descia um caminho....quase natural.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Retirei

Remexi nas gavetas, limpei!
Tirei as velhas meias furadas....descartei!
Gavetas mofadas, manchadas, retratrava o inverno, com traçado de inferno...antigo!
Removido mofo, perguntei pelo Sol, que já pairava sobre mim há muito.
 A resposta era de um tempo fechado, nublado, cinza.
 Clima do outro... tempo pesado.
Enquanto leve, dou como terminada  a faxina!!!

terça-feira, 16 de julho de 2013

Corina

A multidão aplaude, quando a cortina abre, e ali esta Corina moça generosa, moça fina.
Dedos longos e treinados, dedilhando o piano... tirando sons encantados.
Ali Corina, moça fina tocava, mergulhada em si.

Caminhada

Andou pela madrugada, sem cansaço, sem nada, andou como um andarilho pecador.
Vielas escuras, luzes nulas, escadas quebradas na ponta da descida da calçada.
 Garrafas vazias fazendo desenho no chão.
 O cara deitado no velho papelão, no chão... no chão.
Pernas cansadas, sem fala, sem nada, sem transpiração.
Quadro escuro!
 Pedra de sabão...  quase me leva para o chão.
Sem sonho, sem medo, devastada  missão.
Acabou a madrugada,  lua semi assanhada indo embora.
Melhor correr.
 O sol com a boca escancarada vomita brilho que cega, preciso correr, deitar na cama e não ver.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Roda Gigante... Trinda!

Faltaram gestos, palavras e presenças.
Ficaram culpas, mágoas e ressentimentos.
Sobrou a dúvida do inquieto amor não consumido.
A cada encontro trazido pelas mãos do acaso, a alegria e o constrangimento
esgueiravam-se à sombra dessas lembranças.
E a vida foi passando, vivida na busca da felicidade dos caminho de cada um.
E como uma roda gigante, a vida deu voltas para voltar ao mesmo lugar.
Voltamos ao ponto de partida ou ruptura, sei lá.
Não somos mais os mesmos estamos diferentes...melhores.
E a vida vai passar, vivida já sem as marcas do que sobrou, faltou ou ficou para trás.
(julho2013)

Curva

Freiou, parou.... pensou e andou.
Na esquina notou  a curva.
 Servia...
 Subiu na lambreta e acelerou.
Já não é o mesmo caminho, a estrada melhorou, não tem pedra com ponta, tem declive natural... 

Laço

Que belo laço de fita, carrega a menina.
Vestido colorido, sapatinho de tira, perna de saracura, pula e agita com intensa  alegria.
 Brinca e ri, sózinha!
O garotinho que joga bola, olha disfarçado... ri do jeito dela , virando o rosto de lado, pra que os amiguinhos não percebam. Que o jogo, fica mais engraçado!

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Sem perceber

Nem corda, nem caçamba.
 Nem queijo com marmelada.
Nem pimenta, não apimenta.
Sem rumores, sem palmas, sem conversa fiada.
Afiada...
Sem promessa.
Sem fraqueza, sem choro ou tristeza.
Sem risadas atrolhadas, na graça sem graça da vã pìada.
Sem comparações indevidas, sem adúlterio nesse caso que nem é serio.
Sem deslizes.
Sem calçadas molhadas.
Sem poças de lágrimas.
Somente o lado quente, lado a lado... eu e tu sem passado.
Quem sabe assim...talvez assim ... e só assim.
Sem perceber, renasça flor tímido amor.
Agora... sem dor!

Breve

Corpo quente, suado desnudo e malcriado!
 Pele que não respeita, que arrepia.
 Desloca emoção da lógica para o coração.
Boca que se entrega, ao lábio doce do teu beijo de mel...
Sob teu jugo breve, meu olhar fica preso como abelha no mel.
E, pensar pra que...hoje é domingo!

Como devia de ser?

Enquanto aguardava o tempo limpar lá fora, azeda, dura, triste e frágil, ela  permanecia oscilante. O lado obscuro, burro e doente, usava lente escura. Corda fina que balançava seu peso,  sustentava  o cansaço, bravamente. Pela manhã ela pensava, escondida entre as paredes nude, nuas, do velho e apertado aposento, que estaria livre ao anoitecer...e  a noite chegava mansa, demorada. Ela respirava aliviada...  por pouco tempo.

 Enquanto aguardava o tempo limpar lá fora...

   

quarta-feira, 3 de julho de 2013

O sal

O sal, o sol, a chuva, o vento, o frio.
A tua boca ...ah a tua boca quente, levemente tocando a minha.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

O encontro....

Lá estava a moça, depois do jogo poético da escrita, em presença por fim. 
E, tinha um estar a vontade meio inibidor, creio que por parte dela...
 É, por parte dela!
Há que beleza aquela parede, coberta de partituras, desenho da alma do artista. 
Enquanto ele se deslocava  pelo seu espaço, com seus pés descalços num contato total, liberal. 
Ela olhava, sua maneira leve se ser...
Sentada na sala, observava a cor vermelha, que vibrava pelo lugar.
O piano embora fechado, por segundos ela jurava ouvir som sair de dentro dele.
 Ah, aquele olhar...
Olhos desses, que parece ser de mel, que intriga, faz a pessoa querer mergulhar.
A moça desacostumada, com visitas da madrugada, apressou a saida...mesmo querendo ficar.
Enquanto Nana Caymmi, cantava suave pelo antigo vinil.
Deu um pulo a desavisada, como um gato, e quase fugiu do  abraço, quente e gostoso...

terça-feira, 26 de março de 2013

Lugar

Caíu na rede, o enrolado o peixe: pequeno custou a sair....já cansado de debater-se  não notara que o pescador só queria aproxima-lo dos outros, de tamanhos desiguais, peixes outros, de novas cores.
Era tão lindo o fundo do mar, mais belo ainda o passeio...longo, audacioso, junto á todos.
Quando ele entendeu, o pescador  já o tinha liberado ali, onde o encontrara.
Sózinho no mesmo lugar, triste ele começou a chorar!!

Fuga

As mãos dele estavam ali...era uma questão de encaixe.

Pecado!!!

Com a mão mergulhada no pote tirava dele as ultimas maçãs.
Entre suas pernas....as maças ainda verdes, molhadas, marcavam a veste suave, branca.
Ele deitado sorria, na boca o gosta da saliva era doce!!!

quarta-feira, 13 de março de 2013

Eu....

Meu corpo,é extensão pesada da complicada relação do meu Eu, com o maldito puxar constante, de parte de mim!
Misto de cansaço força  mental parida da determinação eu digo:
Vem... VEM PARTE DE MIM!!!
Sangue que explode vermelho como brasa, boca que se fecha, silêncio que concorda, respiração ofegante coração que descompassa, me alongo em ir adiante!
E, seu eu dissese agora em alto som.. estou cansada?
Ah, eu mesma riria, porque nem mesmo senhora Vida acreditaria.
Eu vou me estendendo, e transformada me assusto... deparo com a leoã que ainda há em mim.
Ah, esqueci... eu borro a boca de carmin.
Diante do espelho minha vista fraca, embaça...

domingo, 17 de fevereiro de 2013

O Sol

O Sol falou quente para minha alma ainda triste, que não devia mais repousar... na lembrança de um momento, que não vai retornar!
 Desde cedo aproveitou o rasgo da persiana este... Sol insistente, e ficou beijando todo meu ser físíco.
Ainda sim, virava eu, para o  lado oposto da sua invasiva entrada, na eminência de fechar a cortina.
Ele persistente, iluminou o quarto onde  a penumbra fez morada.
Quente e teimoso instalou-se no local.
 Ficou tão arrebatadoramente quente.... que não tive outra chance, senão erguer o corpo pesado, doído, vencer o eco louco da mente e levantar.
Abri a janela, lá estava a Luz dourada, viva, tocando leve a árvore, minha doce amiga, que inclinada  passa dia e noite a me observar.
Fiquei meio envergonhada, quando um passáro apareceu silenciosamente,  sem medo do meu olhar quase patético, pousou no galho.
 Eu, tive que sorrir, depois eu gargalhei, corri para sala e coloquei  aquela musica...¨Levanta... dá volta por cima¨
Bem agora, com licença vou passear, o Sol creio  quer me namorar!!!

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Consertar


  Eu possuo este dom.
Remenda, ajusta, faz a liga...
Absurdo é pensar como faço!
Não me importa a forma, a cor, a linha, os retalhos vão unindo-se.
Eu aprendi, a lida de não sair assim, deixando buracos na vida.
 Há o outro dia....
Faz muito tempo que é assim!
Acostumei....

Em mim

E, enquanto o dia e a noite, passam e não se vêm.
Eu convivo com os dois em mim....

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Andei

Andei doente, quando pensei que da vida, o premio agora eras Tu.
Andei doente, quando meus olhos traiçoeiros e bobos, sorriam desavergonhados, aceitavam a doce provocação, do teu olhar ainda repleto de brilho.
Andei doente, por  pouco tempo, a razão berrou!
 Eu, não lamento!!!
Por que não imaginava, que estar doente fosse por momentos tão bom.

Na mata


  Lobo que espiona, vestindo a pele de cordeiro, embrenhado na mata...aguarda.
Tão sedenta está do golpe a sedenta criatura,
que nem nota, a ave que passa!
Não vê o Sol, porque vive escondido na floresta densa... na eterna penumbra.

  Só tem em sua mente, o bote fatal....
Olhos atentos, observam o cordeiro/lobo.
Na mira, a girafa tem o controle do lobo...que acena o rabo, vestindo... a pele do cordeiro.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Frágil

Eu pintei a boca, ajustei o vestido, deixei marcado meu corpo, para ver se teus olhos, diziam algo diferente.
Já que minha alma frágil, meus medos, meus desejos internos, estes voce nem nota, anota, dá bola.
 Sei que nem se importa!
Mas, mesmo assim, coração inútil, frenesi de desejo, me deixa presa fácil dos teus caprichos.
E, ás vezes, voce também, nem nota.
Este ano... ahhh este ano eu vou mudar!
Tudo bem, faz tempo que digo isso...só te peço não sopres no meu ouvido estas palavras doces, dizendo meu nome, como se eu fosse unica.
E, por favor não respire ofengante, na hora de amar.

A luz

A música corria solta, pelas ruas daquela vila.
Só faltava a coragem... coragem, é uma dama selvagem.
Ela ficou ali parada, feito poste na calçada com a iluminação daquela cor amarelada.
Sabe amarelada?
Quando a gente vai dirigindo pela estrada, entre um ou mais quilometros, lá ao longe, há sempre uma casa...
lá cima,
ah, tem sempre uma lâmpada acessa, mas que cor triste, esta cor amarelada.
A moça ficou ali parada, e quanto á musica... Coragem dama Selvagem!

Invasiva

Tarde nebulosa, vivia a criatura.
 E, não somente mais um dia, era assim toda a sua vida.
Cinza cor do concreto, aquele que sela os corpos nos vãos, das paredes frias, casas de corpos, esqueletos sem sopro...tszszszszs, se foi o ar da vida.
E, quis então submeter o silêncio absurdo, cerrou  as mãos, esmurrou os muros.
 Rastro de sangue, pelas paredes...cinza.
 Cinza, cor da dor da alma aflita.
A dor só ela sentia, a invadida criatura.
Ouve-se o som, entram no salão, as mesmas  abusivas criaturas.
Posta o sorriso amarelo, encena o contrário.
Tardes nebulosas, vivia sempre a criatura...