quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Aroma

Amante ousada, bate na cara do seu cara, boca desenhada, cheiro de aroma barato.
Arrebatada, é levada por ele para alcova, 
Delirios....
Suas pernas se abrem, ele a penetra,
 Sua respiração é forte, e ele a beija. 
Desce os lábios pela nuca lisa, 
mãos que se entrelaçam,
 olhos se fixam,
 beijos que emudecem.
Suspiros....


A Neve e ela

Da província distante e fria, a mulher olha de sua janela, onde antes corria o lago azul,
 hoje é só neve branca.
Branca,  quase queima a retina ...
Branca como a fumaça que saí pela chaminé.
 Fogão arde em brasa viva, esquentando o café.
Olha rápido por toda extensão,  dirigi-se à cozinha  com jeito apressado, serve na caneca sem cor ,
 O negro café, quente, acolhedor!
Bem ali, quase perto da janela, a banheira de pés torneados.
Branca...a banheira branca, tudo num raio imenso é branco, os pinheiros parecem  desenhos... brancos.
 A lareira acessa.
 Vermelha...Crepitando.
 A chaleira  em suas mãos, ela  abre o casaco  que cobre o corpo nú.
Não há frio ali dentro, derrama a fervente água e delicadamente,  primeiro um pé, depois o outro,
 E  então mergulha o corpo por inteiro, seus cabelos fazem desenhos sob água.
A mulher agora canta, suas musicas antigas, doces lembranças.
Suas mãos leves ensaboam  seu corpo...
 Abre o frasco de seu perfume, e o derruba por inteiro... parece um ato de ira!
 Aconchega a cabeça, na parte retangular da banheira, estica a mão, pega o livro e começa a ler.
Devora...
 Feito felino,
Devora...
 Feito  inverno queimando as folhas,
Devora...
 Feito caçador, no abate da ave inocente que sobrevoa o céu.
Devora....
A ultima pagina.
Mergulha suspendendo a respiração.
Lá fora, tudo é branco, ainda é branco!