A mulher que morava ao lado, vivia corroída pela aflição.
A outra da casa vizinha, por anos observara a devastação causada pela solidão, desamor, pancadas sofrida...pela mulher da casa ao lado.
Seus filhos iam e voltavam, o etílico corria solto, na casa da mulher do lado.
Gritos, pedidos inúteis de socorro.
Ah, isso era tão desumano.
Que rebentasse então o coração, que sangrasse pelos poros, talvez ela a mulher da casa ao lado, se libertasse.
O carrasco nunca enxerga a dor!!!
Um dia assim, pega de surpresa, viu a mulher da casa ao lado, frente a sua janela, entre olhares cúmplices, silenciosos, altamente audíveis.
Mas, que paradoxo...elas se entenderam.
Entre as duas, nasceria o segredo.
A gasolina, os pneus velhos,
era para não haver chances, nem de relance do erro acontecer.
A mulher da casa ao lado entrou, seguida pela outra, deitou em sua cama cobertas de trapos. Deu-lhe a unica ordem de toda sua triste vida, sorrindo disse: Molhe tudo, ateie fogo, livra-me.
Em seu rosto havia um sorriso de gratidão.
A outra, a que sempre observava, sem hesitação pôs fogo na dor. Labaredas altas, ergueram-se, queimando a velha casa até o fim. Cabisbaixa, andando lenta, pegou uma flor... e jogou sobre as cinzas que restaram, da vida da mulher da casa do lado.
Acabou!!!
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